TESTE DE 15 DIAS: RENAULT DUSTER ICONIC

O Duster chegou ao Brasil em 2011. Trazia o estilo quadrado dos Dacia, divisão romena da Renault, e logo chamou a atenção por estar, de certa forma, fora do padrão vigente de design dos SUVs compactos. Mas essa sempre foi sua proposta.
O modelo era rústico, mais espartano, como alguém acostumado ao trabalho duro desde cedo. Acabamentos em plástico por todo o interior – encontramos isso nos concorrentes também – e um ar de simplicidade que dividia opiniões do público e crítica.
A Renault inicialmente, e por vários anos, o manteve como um SUV de entrada em relação aos concorrentes. E por essa razão durante esse período não teve grandes mudanças em relação a conforto e tecnologia, algo bastante explorado no segmento.
Suas qualidades eram a baixa manutenção e a resistência, algo sugerido por suas linhas. A versão 4×4, que chegamos a testar, agradou o público-alvo. Na ocasião me lembro de ter comentado que faltavam pneus de uso misto, apesar da valentia e ótimo acerto do motor 2 litros com a caixa de câmbio manual.
Mas as mudanças, felizmente, chegaram. No início do ano estive em Foz do Iguaçu para conhecer o Duster renovado. E bastante renovado, vale ressaltar (comento detalhadamente no vídeo). A plataforma é nova, mais larga, maior e mais comprida. O estilo rude foi incorporado com perfeição ao design.
Algo interessante do ponto de vista do estilo, vale ressaltar, foi a mudança de ângulo do para-brisa. Parece algo simples, porém fez toda a diferença nesse novo momento do carro. Segue sendo um SUV de entrada, porém muito mais interessante do que antes.
O design rústico foi muito bem incorporado ao carro. E na dianteira ainda se destacam os faróis com assinatura em LED e o conjunto ótico com dois pares de faróis auxiliares. Por fim ângulos de entrada e saída maiores para quem for ao sítio no final de semana.
Motor, câmbio e dirigibilidade
Passamos 15 dias com a versão Iconic, a topo de linha. Abaixo dela estão a Zen e a Intense. As três utilizam a mesma motorização de 1,6 litro e 16V, porém com opção de câmbio manual na versão de entrada.
Algo que os entusiastas sentiam falta, confesso que me incluo entre eles, foi do motor de 2 litros, que antes equipava a versão 4×4. Mas em termos de mercado faz sentido, visto que acima dela temos a Captur, opção mais refinada da linha, com a qual não poderia haver choque de valores.
A novidade, além do design, fica por conta de algo que fazia falta no carro: uma transmissão mais eficiente que o câmbio de 4 marchas. O CVT, câmbio com polias e trocas variáveis, é um daqueles que não agrada a todos, porém casa bem com a proposta do carro.
Nesse tempo rodei na cidade e estrada. Uma pequena viagem de 200 km. O motor de 1,6 litro se ressente em alguns momentos e temos aquele som característico do CVT em funcionamento, algo de certa forma lento.
Mas não considero que seja ruim. Nas retomadas e ultrapassagens pé no fundo e a força aparece após uns 2 segundos. Sem dúvida que o motor 2 litros seria fantástico, porém considero que o modernizado Sce dá conta do recado.
Vale lembrar que novidades importantes chegarão no próximo ano. Na Europa o Duster utiliza diferentes opções de motorização, entre elas o diesel. Mas a que deve chegar por aqui é a turbo, de 1,3 litro, mecânica bastante elogiada pelos colegas de imprensa automotiva lá fora.
Ainda acho, particularmente, que uma ofensiva ousada da Renault em 2021 faria o Duster dar uma rasteira nos concorrentes: a motorização diesel e 4×4, tão pedida nos fóruns da internet. A única opção assim no segmento é do Renegade, que não tem concorrentes diretos. Sonhar não custa nada.
Tecnologia a bordo
Esse é um quesito no qual o modelo evoluiu tremendamente. As versões antigas traziam uma tela central pequena e analógica. Parecia que estávamos em outra década. A única modernidade, por assim dizer, era uma opção ECO que mostrava o desempenho do motorista.
E vamos às mudanças. É um outro carro, de certa forma. A nova padronagem dos bancos agrada bastante, além da parte tecnológica, que era jurássica, e passou a contar com as comodidades do mundo moderno.
A tela central tem 8 polegadas e um sistema de pareamento de telefone usando Apple CarPlay e Android Auto, algo essencial nos dias de hoje. Além disso a opção de multicâmeras facilita as manobras.
Outro elogio vaio para algo que não é novidade, mas acho extremamente prático em termos ergonômicos: o controle do áudio atrás do volante. Bastante intuitivo ele traz comando para o aumento do volume e troca de faixa ou estação.
A chave presencial é outro elemento bem acertado. Ela identifica o motorista e abre as portas com a proximidade e faz o travamento assim que nos distanciamos do veículo. Uma música de saudação nos recebe, mas pode ser desativada nas configurações.
Consumo
Não é um ponto forte. Mas com o futuro motor turbo deve melhoras consideravelmente. As medições foram feitas usando etanol.
Cidade: 7,2 km/l
Estrada: 10,3 km/l
Segurança
O controle de estabilidade tem um bom funcionamento. No teste inicial em Foz do Iguaçu pegamos um trecho de chão batido e as frenagens foram eficientes, sem desvios. Porém ele tem apenas dois airbags, algo que precisa ser revisto.
Sentimos falta
O painel é completo e renovado, como falei há pouco, porém faltam entradas USB. Temos uma apenas e tomada 12V. Airbags laterais também são algo importante em relação aos concorrentes.
Ficha técnica
Motor: 1,6 litro, 16V
Câmbio: CVT
Potência: 118 cv (G) e 120 cv (E)
Torque: 16,2 kgfm
Porta-malas (litros): 475
Tanque de combustível (litros): 50
Peso (kg): 1.279
Suspensão dianteira: Independente tipo McPherson
Suspensão traseira: Semi-independente
Rodas e pneus: 215/60 R17
Comprimento (mm): 4.376
Altura (mm): 1.693
Largura (mm): 1.832
Distância entre-eixos (mm): 2.673
Versões e preços
Zen – a partir de R$ 77.390,00
Intense – a partir de R$ 92.390,00
Iconic – a partir de R$ 96.390,00
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Renato Bellote, 41, é jornalista automotivo em São Paulo e colunista do portal IG. Nesse canal traz avaliações a bordo de clássicos, superesportivos, picapes e modelos atuais do mercado.
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