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Entrevista: Tony Kanaan

(Renato Bellote) Como começou o interesse pelos automóveis. É uma daquelas paixões de infância?

Tony Kanaan: Sem dúvida, é daquelas que não tem explicação, já nasce com a gente.

(Renato Bellote) Você iniciou sua trajetória no kart. Naquele momento sentiu que isso seria uma parte fundamental de sua vida?

Tony Kanaan: Desde que entrei no kart e adorei o que estava fazendo, disse para o meu pai que era aquilo que queria fazer na vida. É lógico que não dá para fazer uma projeção da onde eu estaria hoje, mas naquele momento eu tive a certeza para mim mesmo que queria ser piloto profissional.

(Renato Bellote) Alguma história curiosa no começo de carreira? Quais eram seus ídolos?

Tony Kanaan: Meu ídolo sempre foi o Ayrton. E tem uma história bem legal, que guardo com carinho, que é quando o Ayrton foi estrear o kartódromo dele na fazenda em Tatuí. Eu era kartista na época, tinha 15 ou 16 anos…Ele chamou um monte de amigos pilotos e algusn kartistas moleques. Inicialmente, não tinha o convite. Fui só assistir. Mas pintou uma vaga e me chamaram. Eu fiz a pole-position para a corrida. No entanto, na hora de formar o grid, o Ayrton inverteu o grid, por isso larguei em último. E ele, de surpresa, largou atrás de mim. Fomos fazendo a “limpa” no grid e ganhei a prova e o Ayrton foi terceiro. Guardo esse troféu em casa como uma das grandes conquistas.

(Renato Bellote) Ao contrário de muitos pilotos brasileiros você saiu da Europa com sucesso para correr nos Estados Unidos. A idéia de disputar a Fórmula 1 já foi um dos seus objetivos?

Tony Kanaan: Sim, faz parte de qualquer piloto. Mas o que eu realmente queria era viver do automobilismo, ser piloto profissional. E quem sabe da minha história, sabe que passei muitas dificuldades quando meu pai morreu e então não tinha opções. Eu ia onde poderia correr. Por isso, fiz uma seletiva na Fórmula Indy Lights em 96, passei e começou a minha trajetória nos USA lá.

(Renato Bellote) Como foi a transição dos circuitos europeus para os grandes ovais norte-americanos?   

Tony Kanaan: Foi nessa época da Indy Lights. Nunca tinha andado em oval, mas me adaptei rapidamente. Depois, fui correr na Champ Car onde não tinha mais ovais, só mistos. E então, em 2003, voltei para a IRL com os ovais. Foi uma transição que curte bastante e hoje posso dizer que, mesmo tendo a minha carreira formada em mistos, gosto também de ovais.

(Renato Bellote) Qual foi a prova inesquecível em todos esse anos na Indy?

Tony Kanaan: É bem difícil escolher, mas a etapa de Fontana, na Califórnia, em 2004, quando conquistei o título é indescritível. Larguei na última colocação porque tive problema de motor na classificação, e termina na segunda posição com um bico de diferença para o Adrian Fernandez. Foi o segundo lugar mais feliz da minha vida…

(Renato Bellote) E o pior momento vivido dentro do cockpit?

Tony Kanaan: Os acidentes no Japão, em 2003, e neste ano em Indianápolis. Mas um dos piores momentos foi também em 2009, quando o meu carro pegou fogo e fui salvo pelos mecânicos da Penske. Foi assustador!

(Renato Bellote) Uma das coisas mais marcantes é a paixão do público norte-americano em relação ao automobilismo, especialmente como forma cultural do país. A receptividade dos fãs aos pilotos estrangeiros também reflete essa idéia?

Tony Kanaan: Com certeza, sou muito bem recepcionado pelo norte-americano. Eu, o Helio, o Gil, o Emersom etc…somos tratados maravilhosamente bem. O público gosta muito dos brasileiros e do nosso jeito alegre de ser. Isso contagia eles.

(Renato Bellote) Na Indy existem três mulheres que dividem espaço com os homens na pista, sendo uma delas sua companheira de equipe Danica Patrick. A Fórmula 1 é bem menos democrática nesse sentido. Acredita que mais mulheres estarão correndo nos próximos anos?        

Tony Kanaan: A Danica é incrivelmente competitiva em um esporte que exige muito força física. Com certeza foi a mais competitiva das mulheres. Acredito que ela abriu um bom caminho que já vinha sendo feito pela Sarah Fisher entre outras…O Brasil também está muito bem representado pela Bia Figueiredo.

(Renato Bellote) No ano que vem a cidade do Rio de Janeiro vai sediar a primeira etapa da Indy. Como vai ser correr em casa logo no início da temporada? Acredita que esse fato pode popularizar a categoria no país?  

Tony Kanaan: Ainda aguardamos o acordo, mas acredito que não será mais em Salvador e sim no Rio de Janeiro. Mas precisamos dessa oficialização. De qualquer forma, em qualquer lugar que pudermos correr ao lado da torcida brasileira será fantástico.

(Renato Bellote) Você é o terceiro maior vencedor brasileiro na Indy juntamente com Emerson Fittipaldi e Helio Castroneves. Em sua opinião, isso tem ajudado a redirecionar o interesse de novos talentos do país para disputar a categoria?

Tony Kanaan: Acho que sim! O Emerson abriu as portas e com o nosso sucesso, o Brasil é extremamente respeitado no automobilismo. Quando aparece um brasileiro correndo lá, o pessoal já fica de olho.

(Renato Bellote) Nesse ano você também atingiu um marco histórico: a corrida de número 100. O que podemos esperar para o futuro?        

Tony Kanaan: Tenho muito etanol (preocupação verde rsrs) para queimar ainda. Tenho contrato de 5 anos com a Andretti Green e acho que podemos superar bem essa marca. Estou me sentindo ótimo fisicamente e muito cheio de vontade, ainda mais, depois de um ano como 2009 que não foi como esperávamos.

(Renato Bellote) Em 2010 o Instituto Barrichello Kanaan completará cinco anos. Conte-nos em poucas linhas como surgiu essa parceria com o Rubens e quais são os objetivos básicos da instituição.

Tony Kanaan: Eu e o Rubens sempre nos preocupamos em ajudar, cada um a sua maneira. Um dia, quando estávamos dando agasalho e tênis para a molecada que cuidava dos nossos carros em Interlagos, a gente combinou que quando as nossas carreiras fossem bem-sucedidas, a gente montaria uma instituição para ajudar mais e mais pessoas. Assim nasceu o IBK, que se preocupa não somente em ajudar materialmente, mas em proporcionar as crianças, jovens, adultos e idosos uma vida melhor através da pratica esportiva e da disciplina do esporte. Hoje, o IBK tem alguns núcleos que atuam em escolas públicas e em instituições já existentes. Vale a pena acompanhar e ajudar pelo site www.ibk.org.br

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Renato Bellote, 44, é jornalista automotivo em São Paulo e colunista dos portais IG e Carsughi. Nesse canal traz avaliações a bordo de clássicos, superesportivos, picapes e modelos atuais do mercado.

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